A história de um sonho: a ligação terrestre entre o Rio de Janeiro e Petrópolis
Ely Pereira
Apresentação
Sede do Automóvel Clube do Brasil no início do seculo XX |
Em segundo plano, mas não menos importante, existe também o interesse em esclarecer que foram oficialmente abertas três rodovias denominadas de Rio-Petrópolis, todas na primeira metade do século XX. A maior confusão, como veremos mais adiante, fica por conta das duas primeiras: a estrada Rio-Petrópolis do Automóvel Clube, concluída em 1926, que passava pela Pavuna, e a rodovia Rio-Petrópolis, construída pelo Presidente Washington Luiz em 1928, que passava pelo centro de Duque de Caxias, e que, por terem sido inauguradas com somente dois anos e poucos meses de diferença de uma para outra, acaba resultando numa centena de sites e blogs publicando matérias desinformadas.
Parte significativa da história de nossa colonização foi escrita ao longo e através desse caminho e, quando sobre ele nos debruçamos, trazemos à tona acontecimentos que abrangem desde a expulsão dos índios nativos de suas terras, ao transporte do ouro e o abastecimento das Minas Gerais, chegando ao estabelecimento da cultura do café, ao surgimento e enriquecimento das famílias dos “barões do café”, e às modificações socioeconômicas e culturais por que passaram as cidades do Rio de Janeiro e Petrópolis, a região da baixada fluminense, e o país como um todo, nesse período de tempo que é objeto de nosso estudo.
Surgem, então, algumas perguntas significativas: por quais caminhos trilharam esses desbravadores, até chegarem ao topo da Serra da Estrela? Em que locais se estabeleceram? Por onde passaram tantos viajantes aventureiros, brasileiros e estrangeiros, com suas baratas, cupês e cabriolés? De onde vinha e para onde ia esse enorme contingente de pessoas, dispostas a tudo, cheias de esperanças e ávidas por novas emoções?
Abertura dos primeiros Caminhos
Caminho Real preservado envolto pela exuberância da Mata Atlântica do Parque Nacional da Serra da Bocaina. |
Uma nova estrada começou a ser aberta em 1711 por ordem do rei de Portugal, a fim de encurtar o tempo da viagem entre o Rio de Janeiro e Vila Rica pela Serra dos Órgãos, era o Caminho Novo. A trilha que partia de Paraty passou então a se chamar "Caminho Velho". No fim do século XVIII este antigo trecho da Estrada Real, que transpunha a Serra do Facão, é quase que totalmente abandonado, provocando a decadência econômica de Paraty e de povoados vizinhos, que permaneceram praticamente isolados até o Ciclo do Café.
Naquela época, o tempo para percorrer todo o Caminho Novo era de um mês, um terço a menos do tempo despendido no Caminho Velho. A viagem pelo Caminho Novo começava em embarcações à vela, no centro histórico da cidade do Rio de Janeiro, seguindo até ao fundo da baía de Guanabara e adentrava pelo rio Iguaçu e, depois pelo seu afluente, o rio Pilar, percorrendo um total de doze quilômetros em rios navegáveis na época. Desembarcava-se no porto de Pilar do Iguaçu, atualmente um bairro do município de Duque de Caxias, onde ainda existe a igreja construída na época. A partir daí iniciava-se a pé, a cavalo ou em mulas, a viagem por uma estrada que seguia até a Vila de Xerém, e depois subia a serra até a atual Paty do Alferes.
A subida da serra da Vila de Xerém até onde hoje é Paty do Alferes era de difícil acesso, fazendo com que cargas fossem perdidas, mulas caíssem em despenhadeiros e homens se ferissem. Além disso, eram comuns os ataques indígenas. O caminho descia a serra pelos atuais distritos de Avelar e Werneck até cruzar o rio Paraíba do Sul, onde hoje está a cidade de Paraíba do Sul. Depois seguia sentido norte, atravessando a Serra das Abóboras, alcançando Paraibuna, em território do atual município fluminense de Comendador Levy Gasparian e, daí, internando-se em território mineiro, seguia até a atual Juiz de Fora, até atingir a região de Vila Rica (atual Ouro Preto).
Como surgiu Petrópolis
Gravura feita avistando o caminho e o paredão de rocha da serra da estrela |
Em algumas décadas o Caminho Novo se tornaria a principal via de acesso do litoral sul do território colonial à região mineradora da capitania das Minas Gerais, totalmente pontuado por roças, pousos, ranchos e povoados, todos eles formados e desenvolvidos como bases de apoio para os viajantes da via. Já se apontavam alguns núcleos urbanos, que mais tarde se tornariam cidades importantes, como Petrópolis, Paraíba do Sul, Juiz de Fora, Barbacena e Santos Dumont. Petrópolis surgiu nesse cenário quando o imperador D. Pedro I, a caminho das Minas Gerais, decidiu permanecer alguns dias na casa de Padre Correia, em Córrego Seco, e logo encantou-se com a região. Comprou então uma propriedade para construir seu palácio de verão. Com a volta do monarca a Portugal, a tarefa acabou ficando a cargo de Pedro II, que deu forma às idéias de seu pai. Em 1845 começariam as obras no terreno, fazendo surgir aos poucos o palácio em estilo neoclássico, atualmente conhecido como Museu Imperial. O projeto do imperador previa não somente a construção de um belo palácio, mas também a criação de uma cidade em seu entorno, inclusive a colonização de toda área. Em pouco tempo a cidade de Petrópolis se tornaria o centro das atenções da corte. E, por seu clima quase europeu, todos queriam conhecer a menina dos olhos do Imperador.
Estrada Normal da Serra da Estrela
Estação Guia de Pacobaíba (antiga Estação Mauá) Porto Mauá |
Mapa Bacia do Inhomirim |
A abertura do caminho pelo Pilar transformou o atual território da Baixada Fluminense em elo do porto carioca com o planalto mineiro, o que, por sua vez, valorizou a propriedade rural nos arredores, desencadeou um processo da ocupação serrana e diversificou as atividades econômicas, ampliando o trânsito de pessoas e escravaria.
A Passagem da Pavuna
Até aqui, temos o caminho terrestre que partia da localidade de Pilar, aonde chegavam em embarcações vinda do porto do Rio de Janeiro, seguindo até as terras da atual Raiz da Serra, e daí até Petrópolis pela Serra da Estrela. Para encontrarmos a outra parte terrestre, voltemos um pouco mais no tempo.
Com o crescimento de uma área populosa próximo ao Rio Meriti (atualmente centro da Pavuna e da cidade de Meriti), mandou-se construir em 1660 uma vila toda de pedra e cal (Vila da Pavuna). A vila contava com uma grande quantidade de portos, que escoavam a produção agrícola e, ao mesmo tempo, recebia os produtos importados, já que a localidade da Pavuna e Meriti, além de serem portos fluviais, era também o melhor ponto onde se entrava na Baixada pelos caminhos de terra firme.
Assim, funcionava na localidade da Pavuna e do Meriti um verdadeiro entreposto comercial, com toda uma infraestrutura de armazéns, trapiches, vendas e hospedarias. Por ali passavam as pedras, azulejos, santos, móveis, pratarias, e outras quinquilharias que serviriam para ornamentar igrejas e fazendas que se construíram nas freguesias de Meriti e Jacutinga.
Primeiros caminhos pela Baixada Fluminense
Tudo começou em São Cristóvão. A família real portuguesa residiu no Paço de São Cristóvão (atual Quinta da Boa Vista) até o regresso de dom João VI a Portugal. Seu filho Pedro I partiu de viagem da Cancela dos Jesuítas, em frente à quinta, na viagem na qual declararia a Independência do Brasil, em 1822. Seu herdeiro, o futuro imperador Pedro II, nasceu e cresceu no bairro e, de lá, governou o Brasil por quase meio século.
“Do Alasca à Terra do Fogo, não houve outra região que tenha concentrado tanto poder. São Cristóvão era a sede de um Império que estava espalhado pelo planeta. Os portugueses estavam na América, na Ásia e na África”, ensina o historiador Clovis Bulcão, apontando para o Paço de São Cristóvão, atual Museu Nacional.
Em 1724 foi aberto um caminho por Bernardo Soares de Proença. Esse caminho partia de São Cristóvão e seguia em direção à Pavuna, na época uma imensa fazenda nos limites do Rio de Janeiro. Da Pavuna, se deslocava para o Arraial do China, ainda na baixada fluminense. Dali seguia para a Fazenda Santa Cruz. Na etapa seguinte seguia até Raiz da Serra e subia a serra pela Serra da Estrela.
A Pavuna era o ponto de encontro das tropas que vinham do interior para o Rio de Janeiro e vice-versa. Era também o melhor local para travessia de tropas, porque ali o rio tinha menor profundidade. Dirigindo-se ao Rio, a geografia da época mandava seguir por onde é hoje Colégio até Benfica, e daí chegava-se a São Cristóvão, sede do Governo Imperial. Da Pavuna para a Baixada, entrava-se para onde é hoje São João de Meriti e se espalhava por três caminhos: a Estrada das Minas, a estrada da Fazenda São Matheus e a Estrada da Polícia, construída em 1820 em direção a localidade onde é hoje Belford Roxo e dai galgando a Serra do Mar em direção a atual Vassouras.
Carruagem. |
Berlinda |
As primeiras estradas do país
Estrada União e Indústria |
Marco da ACB no Parque Caçula, antes de Fragoso |
de Petrópolis a Juiz de Fora -Eu Sei Tudo |
Incluída na pauta do Primeiro Congresso de Estradas de Rodagem, realizado no Rio de Janeiro em 1916, foi publicado pela Imprensa Nacional extenso relatório conten-do sugestões do então presidente do Estado do Rio de Janeiro Dr. Nilo Peçanha, sobre a conveniência de se "restaurar as antigas e bem construídas artérias de Viação," elogiando a Estrada União e Indústria em Petrópolis, e defendendo "a recuperação de suas antigas ligações com a cidade do Rio de Janeiro através da Baixada Fluminense, e que tudo seria fácil de conseguir em tempo relativamente breve em menos de um ano, e no próximo Congresso das Estradas de Rodagem, solenizar a sua abertura, percorrendo os congressistas em automóveis, e diretamente como em uma só estrada, o caminho da capital do Brasil, à cidade de Juiz de Fora."
Os primeiros estudos realizados para o traçado desta estrada, que seria construída a partir do povoado da Pavuna, indicavam para adentrar a Baixada Fluminense aproveitando a larga ponte de pedra que dava passagem à linha férrea do Rio d’Ouro, complementada por extenso aterro no outrora caminho dos tropeiros.
Foto da inauguração em 1926 da Estrada Automóvel Clube, 1ª Estrada Rio-Petrópolis |
Alto da Serra 1926 |
Decreto 24.224, de 11-05-1934, instituindo a data de 13-05-1926, data da inauguração da Estrada Rio-Petrópolis do Automóvel Clube como Dia do Automóvel |
No dia 13 de maio é celebrado o "Dia do Automóvel" no Brasil. A data foi instituída em maio de 1934 pelo presidente Getúlio Vargas, que escolheu o dia como homenagem à primeira rodovia do país, inauguada pelo Automóvel Clube do Brasil em 1926. Pouca gente sabe o certo, e faz muita confusão, publicando na internet que o dia do automóvel foi uma homenagem à inauguração da Rodovia Rio-Petrópolis construída pelo Presidente Washington Luiz. A estrada Rio-Petrópolis criada por W. Luiz só foi inaugurada em 25 de agosto de 1928, portanto, dois anos e três meses depois da conclusão da estrada aberta pelo Automóvel Clube, como veremos mais adiante.
Próximo a estação meio da serra 1926 |
Os primeiros automóveis
A era automobilística no Brasil nasceu no dia 25 de novembro de 1891, quan-do desembarcou por aqui o primeiro carro importado, adquirido por Alberto Santos Dumont, jovem inventor, que mais tarde seria conhecido como o Pai da Aviação. O carro era um reluzente Peugeot, com motor Daimler a gasolina, de 3,5 cv e dois cilindros em V, conhecido pelos franceses como voiturette, por ser muito parecido com uma charrete.
1898 Decauville Voiturette |
A criação do Automóvel Clube do Brasil
Sócios do Automóvel Clube do Brasil |
1891 Peugeot |
Junto a Santos Dumont na fundação do Automóvel Clube do Brasil estavam os outros cinco primeiros proprietários de carros no país até então: o jornalista José do Patrocínio (importante abolicionista), Álvaro Fernandes da Costa Braga (fundador da fábrica de chocolate e café Moinho de Ouro), Aarão Reis (engenheiro e arquiteto, primeiro presidente do Automóvel Clube do Brasil), o poeta Olavo Bilac e Fernando Guerra Duval (engenheiro, proprietário do primeiro automóvel do Rio de Janeiro de motor a explosão). Já na época, o objetivo principal do clube era dar um norte para os veículos que chegavam ao Brasil. Em 1907, no Rio de Janeiro, então Capital Federal, existiam mais ou menos 30 veículos em circulação, o que já causava um pouco de confusão, inclusive com Olavo Bilac se tornando responsável pelo primeiro acidente de trânsito no Brasil em 1897, colidindo com uma árvore num barranco perto da Estrada da Tijuca com o automóvel de José do Patrocínio: um Serpollet movido a vapor, com motor de 8 cv e 4 cilindros, importado da França.
Decauville Voiturette em Petrópolis |
Após a oficialização do Automóvel Clube pelo governo do Rio de Janeiro, em 1908, a entidade passou a organizar eventos automobilísticos pela cidade, como os encontros de carros que aconteciam na Vista Chinesa, na Floresta da Tijuca. Nessa época, o automóvel já começava a fazer parte da paisagem urbana, derrubando a desconfiança da população em geral, que inicialmente considerava a invenção como brinquedo de rico, uma moda passageira importada do exterior e que não iria pegar por aqui. Um reflexo dessa aceitação foram as primeiras participações dos automóveis nos desfiles carnavalescos cariocas, como destaque dos corsos com suas guerras de serpentina, confete e jatos de lança-perfume entre os foliões.
A evolução do automobilismo, e das ações de abertura de estradas no Brasil durante as primeiras décadas do século XX, estaria para sempre vinculada à história dessa associação. Os políticos só tomaram a frente das ações rodoviaristas bem mais tarde, principalmente a partir da Presidência de Washington Luís (1926-1930).
No início do século XX, uma viagem de carro entre o Rio e Petrópolis poderia durar de 13 a 18 horas, dependendo do tempo, das condições dos caminhos e, principalmente do conhecimento da rota pelo piloto. As estradas eram todas de chão, pontilhões de madeira e muito, mas muito mato mesmo. Uma chuva qualquer deixava intrafegável a empreitada. Não era uma coisa para principiantes, por isso a criação de clubes que autorizavam e acompanhavam qualquer um que se prontificasse a fazer a viagem, que mais parecia um safári pela selva.
A Revista “Eu sei Tudo” relatou no início do século passado uma grande aventura, que foi empreendida pelo senhor La Saigne nos idos de 1920, e que mereceu o registro pelo fato dele ter quebrado o próprio recorde anterior, num raid do Rio de Janeiro à Juiz de Fora, desta vez em incríveis 15 horas e 46 minutos, ao contrário das anteriores 18 horas.
Do Rio a Juiz de Fora 1920 |
18h30min. Dali parte para Juiz de Fora à noite, e chegou lá em hora não informada pela revista. Com o retorno de Juiz de Fora até Petrópolis, em 3 horas, no dia seguinte. O relato da Revista descreve minuciosamente a Estrada Automóvel Clube, ainda em fase de construção.
Mapa da Estrada ACB e da Rodovia de W.Luiz |
Mapa do traçado da Antiga Automóvel Clube |
- Rua São Luiz Gonzaga, (parte da antiga Estrada Real de Santa Cruz, juntamente com a Av. Dom Hélder Câmara). Liga São Cristóvão a Benfica, onde começa a Avenida Dom Hélder Câmara.
- Avenida Dom Hélder Câmara, (ex Avenida Suburbana, antiga Avenida Automóvel Clube), um dos principais eixos viários da Zona Norte do Rio de Janeiro, com aproximadamente 11 km, ligando o bairro de Benfica ao de Cascadura, cortando, os bairros do Jacarezinho, Maria da Graça, Del Castilho, Cachambi, Engenho de Dentro, Pilares, Abolição, Piedade e Quintino Bocaiúva. Originalmente fazia parte do Caminho Imperial, também chamado Caminho dos Jesuítas, Caminho das Minas, Estrada Real de Santa Cruz e Estrada Imperial de Santa Cruz. O trecho da Av. Dom Hélder Câmara que fazia parte da Avenida Automóvel Clube termina em Del Castilho.
- Avenida Pastor Martin Luther King Jr., (antiga Avenida Automóvel Clube), é um importante logradouro da cidade do Rio de Janeiro. Com aproximadamente 25 km de extensão, une vários bairros da Zona Norte. As pistas de mão e contramão da avenida são hoje separadas pela Linha dois do Metrô, que segue todo o traçado da via pelo canteiro central. A avenida corta Del Castilho, Inhaúma, Engenho da Rainha, Tomás Coelho, Vicente de Carvalho, passa por Irajá, Colégio, Coelho Neto, Acari, Fazenda Botafogo, Engenheiro Rubens Paiva e Pavuna.
Mapa e Itinerário da Automóvel Clube hoje |
Automóvel Clube, começa na Pavuna, atravessa o município de São João de Meriti e vai até o Parque São José, no acesso à RJ-105. Sai do município do Rio de Janeiro e corta dois outros municípios: São João de Meriti e Belford Roxo. Nestes dois municípios, ainda conserva seu nome original. Atravessa Vilar do Telles e termina na localidade de Três Setas, depois de atravessar o Rio Sarapuhy no Jardim Redentor.
- Avenida Joaquim da Costa Lima, trecho da RJ-105, (antiga Estrada Rio d'Ouro, e antiga Avenida Automóvel Clube). Com 35 quilômetros de extensão, liga o município de Belford Roxo, até Xerém, em Duque de Caxias. Esta rodovia serve de leito para diversas ruas e avenidas das áreas urbanas dos municípios de Nova Iguaçu e Duque de Caxias, inclusive a antiga Avenida Automóvel Clube. O trecho dela que servia de leito para a Avenida Automóvel Clube vai das Três Setas até a Localidade de Lote XV, em Belford Roxo.
Esta foto mostra um tempo onde as estradas eram para aventureiros. Estrada da ACB, Igreja do Pilar em 1924, antes de ser inaugurada a Estrada ACB |
- Rodovia Washington Luiz, (BR 040), liga o Rio a Juiz de Fora, passando por Petrópolis, pela antiga estrada União-Indústria. Do entroncamento com a Presidente Kennedy até a localidade de Santa Cruz da Serra, em Duque de Caxias, a rodovia segue sobre o antigo leito de terra da Estrada Automóvel Clube.
Imagem feita em 1924, durante a visita dos excursionistas do Automóvel Club e autoridades, à Fabrica de Pólvora Estrela, em Raiz da Serra |
- Estrada Velha da Estrela, último trecho da antiga Avenida Automóvel Clube. Também faz
parte da RJ-107. Liga Santa Cruz da Serra a Petrópolis, em paralelepípedo, com muitas curvas, sinalização deficiente e pouca manutenção até o bairro Alto da Serra (Petrópolis). Corta a Mata Atlântica por toda a sua extensão. É a Estrada Velha da Estrela, conhecida popularmente como Estrada Velha, já que antes da inauguração da Rodovia Rio-Petrópolis de W. Luiz, em 1928, este era o principal acesso para a cidade da Região Serrana Fluminense. É uma das estradas mais antigas do Brasil.
parte da RJ-107. Liga Santa Cruz da Serra a Petrópolis, em paralelepípedo, com muitas curvas, sinalização deficiente e pouca manutenção até o bairro Alto da Serra (Petrópolis). Corta a Mata Atlântica por toda a sua extensão. É a Estrada Velha da Estrela, conhecida popularmente como Estrada Velha, já que antes da inauguração da Rodovia Rio-Petrópolis de W. Luiz, em 1928, este era o principal acesso para a cidade da Região Serrana Fluminense. É uma das estradas mais antigas do Brasil.
As novas rodovias Rio-Petrópolis
Imagem da Igreja do Pilar hoje |
A nova estrada Rio-Petrópolis constituiu-se numa das prioridades, notadamente pelo fato de a imprensa fazer pesadas críticas pelo abandono do primeiro caminho aberto para a Cidade Imperial pelo Automóvel Clube do Brasil. Não era para menos: as enxurradas nos verões levavam a areia e o saibro de macadame da serra, enquanto a tabatinga da Baixada abria-se em sulcos intransitáveis. Um dos jornais comentava o retrocesso, naquela época em que as baratas (carros de corrida), cupês e cabriolés, voltavam a subir a serra a bordo dos vagões da estrada de ferro da Leopoldina, que nessa época, já partia de São Cristóvão. A picareta, a pá, a enxada e as carrocinhas de burros eram os instrumentos de trabalho, numa fase de surto de malária na Baixada, sem esquecer o frio da serra de Petrópolis.
A nova estrada foi construída aproveitando em muito o trajeto feito pelo Automóvel Clube. Este também começava em São Cristóvão, passando por Benfica, seguia por um pequeno trecho da Avenida Suburbana e, depois, pela Rua dos Democráticos e pela Rua Uranos, para daí acompanhar a linha de trem da Leopoldina pelas atuais Ruas Ibiapina, Itabira e Bulhões Marcial até encontrar, e ultrapassar, o Rio Meriti, entrando em Duque de Caxias e seguindo até o Lote XV, onde encontrava com a antiga Avenida Automóvel Clube, seguindo por ela até Petrópolis, sem entrar em Santa Cruz da Serra, agora ela seguia reto e subia a serra a partir de Xerém.
Nos anos 50, mais precisamente no dia 6 de janeiro, inaugurou-se a Rodovia do Contorno (nova pista, só de descida da serra), em conjunto com a variante Rio-Petrópolis, a terceira estrada, que passa fora do centro de Duque de Caxias, depois chamada Rodovia Washington Luiz (parte da atual BR 040, que liga o Rio de Janeiro a Juiz de Fora), e abandonou-se também a segunda Rio-Petrópolis (atual Avenida Presidente Kennedy). Essa terceira rodovia foi inaugurada pelo General Eurico Gaspar Dutra.
Meio da Serra da Estrela hoje |
Uma medida de baixo custo e de fácil aplicação, para resgatar a memória da Estrada Automóvel Clube, seria colocar o nome dela, indicando ser a primeira Rodovia Rio-Petrópolis, nas placas dos logradouros, logo abaixo do nome atual de cada via que faz parte da rota por onde ela passava.
Apesar das diversas mudanças do seu nome durante o tempo, em todo o trajeto, essa estrada, que hoje ainda atravessa a Baixada Fluminense, entrando paralela à estação da Pavuna e São João de Meriti, cortando Belford Roxo, Duque de Caxias e Magé, deve ser preservada na memória nacional como uma grande contribuição para a História das rodovias em nosso País.
Este artigo faz parte da 3ª Edição do Concurso Publicação Solidária - Funiber, Site: www.estudarnafuniber.com.
Fontes de pesquisa:
Almanaque de Petrópolis, edição III, março/2012
Do Discurso ao Plano: O Automóvel na Cidade do Rio De Janeiro (1900-1946) - Renato Gama - Rosa Costa
Brasil Gérson, História das Ruas do Rio (5ª edição, pp. 366-367, Lacerda Ed, Rio de Janeiro, 2000
http://www.associartbrasil.com.br/estrada.htm
http://www.jfminas.com.br/portal/historia/historia-do-caminho-novo
http://www.petropolis.rj.gov.br/fct/index.php/turismo/conheca-petropolis/historia-de-petropolis.html
http://www.museuhistoriconacional.com.br/mh-e-330i.htm
http://caminhod.com.br/2011/12/primeiros-automoveis-do-brasil/
http://geografiassuburbanas.blogspot.com.br/2011/04/historia-das-ruas-suburbanas-estrada.html
http://www.rdvetc.com/2012/cinco-vezes-rdv-petropolis-o-desafio-da-serra
http://www.meritionline.com.br/Avenida%20Autom%F3vel%20Club.html
https://carrosantigos.wordpress.com/2009/06/02/do-rio-a-juiz-de-fora-em-1920/
Revista Pilares da História de Duque de Caxias e da Baixada Fluminense, Edição 7, maio/2007
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